Na contramão da crise, o comércio eletrônico tem apresentado bons resultados no País. Sobretudo, o setor de autopeças, que tem atingido uma boa parte dos novos consumidores. Saiba por que o varejo virtual tem sobrevivido à queda na economia e quais são as tendências para este mercado
A praticidade em comprar pela internet tem sido um dos principais combustíveis para o avanço do comércio virtual no País. Somado à facilidade, a maior variedade e, muitas vezes, preços mais atrativos em relação ao varejo físico, fazem do e-commerce um mercado imune à crise.
O setor de autopeças exemplifica bem esse cenário. A 2ª edição do Estudo do Setor de Autopeças apontou que o mercado online no Brasil cresce ao ritmo de 40% ao ano, enquanto o varejo total apenas 25% no mesmo período.
O auxiliar administrativo Gabriel Seifert está entre os novos consumidores virtuais. Um dos itens mais buscados por ele é autopeça. “A simplicidade em encontrar produtos é um dos diferenciais da rede”, diz ele, que é cliente do Canal da Peça.
Agilidade em um clique
Para profissionais da área, a internet é vista como uma ferramenta de trabalho. “É muito mais fácil pesquisar o que precisamos. Em poucos minutos, sabemos onde encontrar um produto”, diz o eletricista automotivo Klever Castilho.
Ainda mais fácil quando a busca é feita em um marketplace, endereço eletrônico que reúne diversos varejistas, de diferentes portes, como o Canal da Peça. “É um grande shopping virtual, onde comparamos preços e temos mais parâmetro na hora de optar por um determinado fornecedor”, analisa Castilho.
Os lojistas, por sua vez, também estão se adaptando ao bem-sucedido modelo virtual. De acordo com o estudo Panorama dos Marketplaces no Brasil Edição Abril 2017, criado pela Precifica em parceria com a Associação Brasileira de Comércio Eletrônico (ABComm), o número de varejistas ativos nos marketplaces cresceu 15,3%.
“Os marketplaces estão fortalecidos e devem chegar ao final de 2017 com 28% do faturamento do e-commerce”, garante Rodrigo Bandeira, vice-presidente da Associação Brasileira de Comércio Eletrônico (ABComm).
A associação, que surgiu da necessidade do setor em ter uma voz ativa junto às instituições governamentais, é uma das mais conceituadas no âmbito do varejo digital no País.
Segundo a ABComm, o e-commerce brasileiro, em 2016, cresceu 11% em relação ao ano anterior e obteve um faturamento de R$ 53,4 bilhões. O ano fechou com 179 milhões de pedidos.
“Em 2017, o e-commerce nacional deve crescer 12% em relação a 2016 e faturar R$ 59,9 bilhões. O ano deve registrar mais de 200 milhões de pedidos nas lojas virtuais”, diz Bandeira.
Leia a entrevista com Rodrigo Bandeira:
Canal da Peça: Quais são as novidades e tendências no varejo digital?
Rodrigo Bandeira: A grande tendência são as compras através de smartphones, que já chegam a representar quase 30%. Chatbots têm sido testados no atendimento de lojas virtuais e o modelo logístico de retirada em pontos de coleta (parcel shops e lockers) tendem a aumentar até o final do ano. Os marketplaces também vão ganhar cada vez mais representatividade.
Canal da Peça: Por que os marketplaces têm se destacado no cenário virtual?
Rodrigo Bandeira: Os canais de marketplace têm se destacado muito no Brasil e para algumas lojas chegam a representar 60% do volume de vendas. A conveniência oferecida aos empresários através da grande circulação de potenciais consumidores, ambiente financeiro mais seguro e facilidade em sistemas são alguns desses diferenciais.
Canal da Peça: Acredita que o comércio eletrônico tem potencial para se igualar ao varejo físico?
Rodrigo Bandeira: A internet vem crescendo e continua com uma boa perspectiva. Praticidade, comodidade e preço têm sido os grandes atrativos. As lojas físicas vão continuar existindo, mas vão precisar conviver com um canal seguro, aberto 24 horas, 7 dias por semana e com alcance nacional ou mesmo mundial de vendas.
Canal da Peça: Qual é a vantagem para um varejista em se associar a um marketplace?
Rodrigo Bandeira: São várias as vantagens. Os canais de marketplace têm uma estrutura própria de divulgação, meio de pagamentos e sistemas antifraude. Além disso, na maioria das vezes, são estruturas já consolidadas como grandes centros de comércio virtual e, por isso, possuem uma boa reputação e confiança aos olhos dos consumidores.
Canal da Peça: Até o setor de autopeças tem se digitalizado. Em sua opinião, mercados considerados mais “fechados” também devem estar na rede?
Rodrigo Bandeira: Todos os setores devem estar na internet. Para venda de produtos, serviços ou, pelo menos, para manter um posicionamento institucional. O setor de autopeças tem, sim, uma boa perspectiva.
Canal da Peça: Acredita que a internet terá o poder de mudar a forma de consumo até de clientes mais tradicionalistas?
Rodrigo Bandeira: A internet já mudou a forma de consumo das pessoas em todas as idades. As mulheres hoje, inclusive, já representam pouco mais de 50%.
Canal da Peça: Se fosse apostar em uma única categoria como tendência no comércio eletrônico, qual seria?
Rodrigo Bandeira: São várias as categorias com boas oportunidades. Mercados de nicho se bem trabalhados podem ter consumidores um pouco mais fiéis.
Canal da Peça: Como será o futuro de produtos técnicos na internet?
Rodrigo Bandeira: Existe espaço para vendas de produtos técnicos, mas o sucesso dessa operação está diretamente ligado à qualidade das informações disponibilizadas no ato da compra. Caso a venda seja consultiva, será necessário que o ambiente desenvolvido para oferta dos produtos tenha campos de preenchimento com detalhes importantes para a formulação da proposta.
Canal da Peça: O B2B irá crescer no mundo digital?
Rodrigo Bandeira: Isso, de fato, já acontece e torna mais prático o processo de cotação e compra. A tendência é de crescimento sim.
Canal da Peça: Como as grandes marcas estão se posicionando em relação aos grandes portais de compra e venda?
Rodrigo Bandeira: As grandes marcas estão partindo para criação dos seus próprios portais de venda. Como exemplo no segmento de cuidados com a saúde, o site da P&G.
Canal da Peça: Como as oficinas mecânicas irão entrar no mundo digital? Comprando produtos ou vendendo serviços?
Rodrigo Bandeira: Comprando e vendendo produtos e atuando na prestação de serviços, agendamentos, acompanhamento de serviços e vistorias.
Canal da Peça: Como as redes sociais poderão impactar o comércio eletrônico?
Rodrigo Bandeira: As redes sociais funcionam como canais adicionais de vendas, apoio ao pós-venda e canal de reclamações.
Canal da Peça: Qual conselho daria para as marcas que ainda não estão na internet?
Rodrigo Bandeira: Começar a sua operação o quanto antes não esquecendo de um bom planejamento de negócios e de investir na capacitação de pessoal para atender ao “e-consumidor”. Toda marca deveria ter pelo menos um canal de contato com seu consumidor. Oferecer a possibilidade de compra online amplia exponencialmente as possibilidades.