O carro elétrico vai acabar com o carro a combustão e oficinas?

Há quem diga que os carros elétricos possuem manutenção pela metade do preço, mas isso é totalmente verdade? Oficinas e proprietários precisam se adaptar porque eles estarão cada dia mais presentes no dia a dia.

Carros elétricos são uma tendência mundial devido às exigências cada vez mais rígidas de emissões baixas de poluentes. Além disso, com maior número de fontes de energia renováveis, como eólica e hidroelétrica, começa a ser uma alternativa aos derivados do petróleo.

Apesar disso, o carro elétrico ainda possui outras peças além do motor em si, que apesar de cerca de 50 peças contra mais de trezentas de um motor à combustão moderno, ainda existem suspensões dianteira e traseira, sistemas de conforto como o ar-condicionado e direção com assistência, além do próprio sistema elétrico em si.

O carro elétrico custa muito mais caro para aquisição, mesmo sendo subsidiado em relação aos impostos, porém o custo por km é muito mais baixo, mesmo considerando a manutenção do dia a dia.

Revisão

Os carros elétricos ainda possuem diversos sistemas mecânicos que não estão ligados à propulsão do motor elétrico, como o sistema de direção com caixa e terminais de direção com pivôs.

Na suspensão, os carros elétricos ainda utilizam bandejas e bieletas, sendo necessária a conferência do estado de conservação. Molas e amortecedores também estão presentes nos carros elétricos. 

Na transmissão, ainda é utilizado o sistema com semieixos e o câmbio possui um sistema de caixa de redução.

O mais comum entre os consumidores hoje, são os híbridos que funcionam em boa parte do tempo com o sistema de baterias.

Como exemplo, as revisões do Nissan Leaf, custam de R$ 225,00 com 10 mil quilômetros, que agrega pastilhas de freio, revisão do freio de estacionamento e filtro de ar-condicionado.

Sua revisão mais cara até os 60 mil quilômetros é a de 40 mil quilômetros, onde é inspecionada a vedação do bocal de abastecimento, fluído de arrefecimento do motor a combustão, articulações e peças de suspensão, novamente o sistema de freios é revisado e a revisão custa menos de R$ 800,00. Porém um Leaf novo parte de R$ 274.900*

No Toyota Prius, as revisões até 60 mil quilômetros não chegam a 5 mil reais, porém são mais caras de forma geral do que o Nissan Leaf. Os valores são referentes a veículos fabricados até 2019. 

10.000 km: R$ 398,89

20.000 km: R$ 633,00

30.000 km: R$ 546,00

40.000 km: R$ 987,00

50.000 km: R$ 546,00

O Toyota Prius novo parte de R$ 196.000* no estado de São Paulo. Esse valor pode variar, dependendo do estado que for adquirido.

Vale a pena investir em um carro elétrico?

Para Diego Fischer, CEO da Carupi especializada na consultoria de compra e venda de veículos, a economia a longo prazo é atrativa “embora seu valor seja mais elevado no momento da compra, os carros elétricos emanam economia a longo prazo, não só em custos de combustível, como também em manutenção e, em alguns estados, de impostos”.

Apesar da ausência de uma lei de incentivo federal, diversos estados possuem sua própria política de isenções segundo o representante da Carupi “não existe uma lei federal que obrigue a isenção do IPVA para modelos elétricos e/ou híbridos – são iniciativas de cada estado, como ocorre no Maranhão, Paraná, Pernambuco, Sergipe, Rio Grande do Norte e do Sul, que proporcionam o abono total do imposto. A assembleia legislativa de São Paulo aprovou a isenção de 100% para os modelos elétricos e de 50% para os híbridos. A medida ainda precisa ser aprovada pelo governador do estado e tem prazo estabelecido de cinco anos”.

Diego ainda relembra que um levantamento realizado pela Companhia Paulista de Força e Luz (CPFL) aponta que o custo por quilômetro percorrido em um veículo elétrico é de R$ 0,11 (contagem em kilowatt) frente a R$0,31 (consumo por litro) dos veículos a combustão.

Características e manutenção

Lembre-se que há vários sistemas mecânicos do veículo que não estão diretamente ligados à propulsão e precisam de manutenção preventiva e corretiva em direção, suspensão, freios e também no sistema elétrico de 12v.

Confira as características de um carro elétrico de perto pela Mec-Tec e veja algumas dicas e cuidados para realizar a manutenção

Os freios do carro elétrico podem funcionar de forma diferente do a combustão, pois ao aliviar o pé do acelerador, o veículo tende a desacelerar com mais facilidade.

Nos carros elétricos e híbridos mais modernos, os freios possuem sistema de regeneração de energia, recarregando parcialmente a bateria.

Essa tecnologia pode refletir no desgaste menor de discos e pastilhas, porém, comparando um carro elétrico com um a combustão de medidas parecidas como o totalmente elétrico JAC iEV20 contra o Fiat Uno Drive 2020, um elemento que pode influenciar é o peso total do veículo, sendo o JAC 330 kg mais pesado que o Fiat.

Fonte: Carros Na Web

Já os pneus, podem ter desgaste acentuado, tanto pelo maior peso dos elétricos atuais, quanto pelo torque. Voltando a comparar o iEV20 com o Uno, o JAC possui o dobro de torque do Fiat, além disso, o torque do carro elétrico é instantâneo, basta pisar no acelerador.

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A grande vantagem da manutenção é a ausência de alguns sensores, como sondas lambda, sensor de rotação, sensor de oxigênio, também não são necessárias correias, não possui óleo lubrificante e filtro de óleo, além de componentes internos que também estão ausentes: pistões, eixos de comandos, válvulas, virabrequim, juntas ou selos.

Veja a seguir um comparativo de um carro híbrido e um carro elétrico segundo o canal High Torque e confira os componentes mecânicos que os equipam e cuidados para a manutenção

Prós e contras do carro elétrico

Tecnicamente o carro elétrico não polui pois não emite o CO2, porém muitas vezes a produção da bateria e a produção de energia não é limpa. Em muitos locais, a eletricidade é produzida com a queima de carvão mineral, sendo apenas a energia eólica e hidroelétrica, a forma limpa.

A eficiência da potência é maior em um carro elétrico por conta da entrega do torque instantâneo, sendo a perda de energia apenas para a passagem da potência para a tração, sendo o motor elétrico com 95% de aproveitamento, contra 35% do motor a combustão.

Apesar da eficiência de potência do motor elétrico, o peso das baterias ainda é um problema, porém há diversos projetos de células de combustível em desenvolvimento que utilizam hidrogênio para gerar energia para o motor elétrico.

Na autonomia, os carros elétricos ainda apanham dos carros à combustão e precisam de equipamentos específicos de carga rápida, o tempo de recarga ainda é muito maior do que o combustível. Um carro elétrico desenvolvido possui autonomia de cerca de 400 km com uma carga completa.

Substituição da bateria pode inviabilizar o reparo?

Na Europa, o dono de um Nissan Leaf teve problemas com a autonomia de seu Leaf com cerca de 200 mil quilômetros. Na autorizada, o valor da bateria de tração foi orçada em 9.220,12 Euros (cerca de R$ 58.000) em 2019, porém poucos meses depois o custo da bateria de 30 Kw havia passado a 30.000 Euros (R$ 191.000).

Ainda é cedo para falar sobre mercado aftermarket, porém já existem empresas oferecendo upgrades de baterias para os modelos mais comuns, aumentando a autonomia como a Muxsan.

No Brasil a frota de carros híbridos e elétricos soma até o momento pouco mais de 45 mil unidades, sendo apenas 5,2% desse montante de carros totalmente elétricos. O total da frota nacional é composta de 46,3 milhões de veículos, ou seja, apenas 0.09% é composto por híbridos e elétricos.

A falta de modelos e o custo para compra são grandes fatores a serem considerados, sendo um elétrico simples hoje, não sai da concessionária por menos de 159 mil reais com atributos de um veículo popular. Portanto, para o nosso país, a eletrificação da frota não é uma realidade a curto prazo e quando um fabricante é pontual falando que não haverá carros novos à combustão daqui 30 ou 40 anos, a tendência de propulsão dos motores pode mudar novamente.

Foto de capa: Wikipedia/Common Copyright / *valores pesquisados em maio/2021 – podem sofrer alterações.

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